quarta-feira, 22 de junho de 2011

Um estrangeiro

Dançando com a morte, um passageiro desse trem. Doenças e doentes nos observam a cada esquina. Esquinas da rua em que passamos, mas seu nome não sabemos.
Gregos e troianos, palmeirenses e corinthianos, americanos e iranianos. Orgulho ferido, concorrência violenta.
Uma foto em preto e branco mofa na parede. Apesar do mofo, dos amassos e das traças, o tempo para aquela foto é o mesmo. E nós caímos nessa curta vida. Uma legião de Dorians invertidos ?
Um pedaço de carvão no lugar de um coração. Fuligem no lugar de palavras. Cinzas por sentimentos. As brasas que logo se apagam.
A crise dos sistemas. Inspiração nas estrelas. Estrelas ocultas em meio à poluição. Já não tão imponentes, prepotentes. Incompetentes.
Armas que destroem corpos. Ideias que estilhaçam almas. O lado negro
Cores em excesso, cérebros em regresso.
Um canivete na mão errada, a morte. Na mão certa (dita certa por quem ? ), salvação.
Pequenos pontos em meio à multidão. Pequenas dores no falso coração.
Não paramos, não falamos, não mudamos. Comboio de estrangeiros, individuais, soltos em uma tentativa de acender o carvão. Talvez sim, talvez não. Sabemos tanto sem saber de nada. Dias e estrelas. Dinossauros e humanos. Música e o silêncio. O desespero do fim, o medo da meia-noite.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Detalhes.

Um buraco na meia.
Um descolado no sapato.
Uma camisa que já é feia.
Um mofado no retrato.

Dois irmãos que não se falam.
Dois cachorros que se mordem.
Dois carros que se batem.
Dois casais que se separam.

Três cores formam todas.
Três horas para o fim do dia.
Três pessoas que parecem toscas.
Três mortes da alegria.

Quatro estrofes, com quatro versos.
Quatro diferentes sentidos perversos.
Quatro câmeras nos observam com frequência.
Quatro palavras para que cesse a decência.