quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Mente

Pesadelo. Relevos instáveis dos desfiladeiros de nossas consciências. Escuros e ocultos. Um lugar sem lei, sem vigilância. Aquilo que nos torna humanos. Filhos de Adão, assassinos de Abéis. Uma longa parede de tijolos, na qual cada fresta, cada sombra, cada rachadura, é o que nos define. A podridão que escondemos sob o brilho de um falso sorriso amarelo, dos protocolos da convivência social.
Grandes cômodos, repletos de sonhos que ficaram pra trás, amores que não tiveram resposta, o argumento que não foi usado naquela discussão, as decisões que tomamos, as mágoas que criamos, tudo guardado, em salas mofadas e empoeiradas, mas que ainda assim sempre nos pertuba.
Um pequeno jardim, que cresceu à sombra do muro, pequeno e tímido, incapaz de crescer em meio à tanta escuridão e falsidade.
Nuvens, tampando o Sol, trazendo o frio e as incertezas, sempre chovendo.
Um rio de gelo e fogo, se arrastando pelos abismos, carregando as tristezas para seus cômodos. Calor e frio ao mesmo tempo, indecisão e certeza, raiva e perdão, amor e ódio, compania e solidão.
Pesadelos, sombras, arrependimentos, pequenas alegrias, desilusões e contradição. A mente humana.